O desprezo pela vida


“Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem”. Papa Bento XVI

Depois de trinta anos o Partido Comunista da China decretou o fim da política do filho único. A partir de agora, cada casal poderá ter até dois filhos. A China tem uma população de 1,37 bilhão de pessoas; e a decisão foi tomada porque o controle drástico da natalidade nesses anos, por meio de abortos generalizados, gerou um processo de envelhecimento da população e o desequilíbrio entre o número de homens e mulheres. Há cidades chinesas que têm cerca de 30% mais de homens do que de mulheres, porque o aborto de meninas sempre foi muito maior, porque os pais, podendo ter um filho só, preferiam meninos, e abortavam as meninas.

A taxa de fecundação no país está muito abaixo do nível que garante a renovação das gerações (2,1 filhos por mulher), um dos motivos que fez o governo reconhecer que estava na hora de colocar fim à regra. As preocupações com o envelhecimento da população da China elevaram as pressões por mudanças nas leis. O governo chinês estima que a “política do filho único” eliminou cerca de 400 milhões de nascimentos desde que começou.

Os casais que violavam a política do filho único, enfrentavam diversas punições, desde multas e a perda de emprego até abortos forçados. Os demógrafos e sociólogos chineses estão preocupados com o aumento dos custos sociais para bancar uma população envelhecida e a queda no número de trabalhadores. É o mesmo que acontece hoje em todos os países da Europa e Japão. Cuba anunciou esses dias que vai fazer campanha para aumentar a natalidade.

A China é o país mais populoso do mundo, mas sua taxa de crescimento é bem abaixo de países na Ásia, América Latina e África. A Índia deve ser o país mais populoso do mundo em 2022, estima a ONU.

Sem crescimento da população não se sairá da crise econômica, disse o especialista em população Antonio Gaspari (ROMA, segunda-feira, 13 de julho de 2009 – ZENIT.org): “Para sair da crise econômica é necessário fazer crescer a população, como destacou Bento XVI na Encíclica Caritas in Veritate”.

Esta opinião é compartilhada por Riccardo Cascioli, presidente do Centro Europeu de Estudos sobre a População, o Ambiente e o Desenvolvimento (CESPAS) e diretor do Departamento de População.

O Papa Bento disse nessa Encíclica que: “Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista econômico” (n. 44). “A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem” (n. 28). “Os pobres não devem ser considerados um ‘fardo’, mas um recurso, mesmo do ponto de vista estritamente econômico” (n. 35).

A manter-se a situação atual, a população de países como a Itália será reduzida à metade no curso de uma geração. De cada dez novos cidadãos europeus, oito são imigrantes; a conclusão é fácil; a Europa de hoje começou a morrer. Cresce assustadoramente o número de velhos e de aposentados, que custam muito mais ao país. Qualquer pessoa entende que os velhos exigem mais gastos com saúde e a maioria já não trabalha. Os governos da Europa e do Japão estão hoje fazendo campanhas e pagam os casais para terem mais filhos.

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