Uma lição de misericórdia


UMA LIÇÃO DE MISERICÓRDIA

Juízes 2.6-23

Alguém já disse que a diferença entre graça e misericórdia é a seguinte: GRAÇA é: “Não merecia, mas recebeu!” e MISERICÓRDIA é:“Merecia, mas não recebeu!”
Na época dos reis da idade média, algumas pessoas que iriam sofrer punições por açoites recebiam um açoite a menos por conta da misericórdia do rei.
O livro de Juízes é a sequência histórica de Israel após entrarem na terra prometida sob a liderança de Josué.
Embora tenham sido os juízes homens falhos como nós, eles são o símbolo da misericórdia de Deus por seu povo.
Vejamos como através deste texto podemos entender como nos distanciamos de Deus e como sua misericórdia e favor nos alcançam, ainda que não a mereçamos!

Por que precisamos da misericórdia de Deus?

A bíblia nos ensina que as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3.22-23)
Mas, afinal, porque precisamos de misericórdia?

Porque vivemos numa “zona de conforto”
Nossa zona de conforto nos distancia de Deus, Veja que o texto nos mostra que depois que Josué despediu os israelitas eles saíram para ocupar a terra, cada um a sua herança (v.6).
Muitas vezes deixamos Deus de lado porque nossa vida está muito boa. Lembro que meu irmão foi pastor em Sertãozinho e o nível de vida financeira da população era elevado. Ele dizia que era muito difícil fazer alguém que tinha uma boa casa, um belo carro na garagem e uma vida financeira confortável compreender que precisava de Jesus!

Porque “perdemos a referência”
O texto diz ainda que enquanto Josué viveu o povo prestou culto ao Senhor; entretanto, após a sua morte, a nova geração que surgiu não conhecia a Deus e o que Ele havia feito por Israel e começaram a prestar cultos aos deuses pagãos Baal e Astarote (vs.8-13).
Muitas vezes nossa zona de conforto nos leva a pensar que não precisamos mais ter Deus em primeiro lugar em nossas vidas e por isso começamos a adorar outros deuses.
Esses “outros deuses” podem não ser imagens ou ídolos propriamente ditos, mas podem estar travestidos em bens materiais (casa, carro, dinheiro, status, time, etc).
A esse respeito Paulo bem escreveu: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.” (I Timóteo 6.9-10)

No que consiste a misericórdia de Deus?

Embora misericórdia seja o mesmo que escapar de uma punição, ainda que merecida; ela vem sempre recheada de lições para nossas vidas da parte de Deus.

Reconhecimento
O texto nos mostra nos vs.14-15 que Deus se irou contra seu povo e os entregou nas mãos dos inimigos e “sempre que os israelitas saiam para a batalha, a mão do Senhor era contra eles para derrotá-los”.
Para que possamos alcançar misericórdia da parte de Deus é necessário o reconhecimento de que estamos em falta para com Ele.
Antes de Deus agir com misericórdia Ele nos avisa para que saibamos e possamos reconhecer os nossos erros.
Deus faz isso porque a punição precede a misericórdia. Ela é dura, entretanto é também pedagógica.
Muitas das aflições que passamos podem ser frutos da ação de Deus para nos mostrar o quanto estamos distantes do seu propósito e para que reconheçamos a necessidade de uma total dependência do Senhor. A última frase do v.15 diz que, diante do sofrimento do povo de Israel nas mãos de seus inimigos “grande angústia os dominava”.
Só há misericórdia quando há reconhecimento!

Aprendizado
Há mais alguma coisa que precisamos compreender em relação a misericórdia de Deus e que talvez seja a chave para nosso amadurecimento espiritual quanto as provações que enfrentamos.
A misericórdia não é em relação aos erros que cometemos, mas em relação a correção divina!
Isso não significa que Deus não olha os nossos pecados. Pelo contrário, Ele nos pune, por causa da nossa incredulidade.
Veja que o texto nos mostra a partir do v.16 que, para salvar o povo das garras de seus inimigos, Deus suscitava juízes que defendiam e lideravam o povo e toda vez que um juiz era estabelecido, Deus era com ele e o povo era liberto da opressão dos seus inimigos.
Entretanto, quando o juiz morria, o texto diz que o povo voltava a praticar a idolatria e assim pecava perante Deus.
E por que então esse ciclo de falhas (como é conhecido o tema do livro de Juízes)?
Porque a natureza humana é má e sempre pende para o mal. Deus precisava punir o povo de Israel para lhes ensinar uma lição de obediência. Deus continua fazendo isso com cada um de nós.
O texto de Tiago pode nos mostrar essa grande verdade: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.” (Tiago 1.2-4)
A misericórdia do Senhor, portanto, deve gerar em nós um aprendizado em relação a Sua vontade.


Conclusão


A conclusão é do próprio Deus ao final do capítulo 2 do livro de Juízes.
Ali começamos a compreender porque Ele não retirou as nações que habitavam nas terras da herança e porque elas afligiram a Israel durante cerca de dois séculos do período dos juízes (e não será que ainda afligem?).
Vejamos as palavras do próprio Deus no texto: “Como este povo violou a aliança que fiz com os seus antepassados e não tem ouvido a minha voz, não expulsarei de diante deles nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu. Eu as usarei para pôr Israel à prova e ver se guardarão o caminho do Senhor e se andarão nele como o fizeram os seus antepassados". (Juízes 2.20-22)
A misericórdia de Deus, portanto, é uma de suas maiores demonstrações de amor por seu povo querido!
Para encerrar, o Salmo 103.1-14 nos mostra a beleza da grande misericórdia do Senhor em nosso favor:
“Bendiga ao Senhor a minha alma! Bendiga ao Senhor todo o meu ser! Bendiga ao Senhor a minha alma! Não esqueça de nenhuma de suas bênçãos! É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão, que enche de bens a sua existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia. O Senhor faz justiça e defende a causa dos oprimidos. Ele manifestou os seus caminhos a Moisés, os seus feitos aos israelitas. O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniqüidades. Pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o temem; e como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós as nossas transgressões. Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.”

Pr. Elias M. Santos – 23/06/2011

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